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quarta-feira, julho 07, 2010

DISTRITAIS FICAM MAIS RICOS - SEGUNDO OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO NO DF

 



        A declaração de bens dos deputados distritais é um indicador de que a profissão é lucrativa e abre portas para o sucesso financeiro. Dos 24 deputados, 19 aumentaram o patrimônio nos últimos quatro anos. Em alguns casos, a evolução foi fantástica. Há quem tenha melhorado em mais de 2.000%. E casos de distritais que conseguiram agregar mais de R$ 1 milhão aos seus rendimentos. Quase metade (11 políticos) de quem tem um assento na Câmara Legislativa é milionário. Em 2006, na eleição interior, apenas quatro tinham esse status.




No ato do registro de candidatura, os políticos são obrigados a declarar o que têm e quanto vale o patrimônio informado. Em 2006, o petista Cabo Patrício informou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ter R$ 6 mil. Desde que se tornou distrital, com salário de R$ 12,4 mil, ele melhorou seus rendimentos e agora declarou à Justiça Eleitoral patrimônio avaliado em R$ 137,3 mil, uma evolução do ponto de vista percentual espetacular de 2.189%.

       Em valores brutos, no entanto, o caso de Cabo Patrício perde para outros colegas. Em 2006, Paulo Roriz (DEM) declarou ser dono de R$ 1,7 milhão. Quatro anos depois, ao declarar o patrimônio no Diário da Câmara, o distrital revelou ter mais que dobrado a quantia. Atualmente, dispõe de R$ 3,9 milhões. A colega de partido, Eliana Pedrosa, também deu um salto. Entre os distritais, é a mais rica. Declarou no Imposto de Renda de 2010 ter R$ 7,1 milhão, melhoria de 136% em relação a 2006, quando era dona de R$ 3 milhões. Antes de ser deputada, ela controlava as empresas de vigilância e segurança, hoje em nome de familiares. O afastamento não prejudicou as finanças da parlamentar, que só lucrou no período.

       Em 2006, Alírio Neto (PPS), que era delegado de polícia e se aposentou em meio ao mandato, declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 188,5 mil. Quatro anos mais tarde, seu patrimônio aumentou em 569%, passando a R$ 1,262 milhão. Para o distrital, trata-se de uma distorção da legislação brasileira que não permite atualização no valor de imóveis, a chamada atualização de ganho de capital. Ele exemplifica que em 1992 comprou uma casa no Guará, por R$ 70 mil, mas, com a valorização da área, conseguiu vendê-la por cerca de R$ 400 mil. Outro imóvel no qual investiu foi um lote no Taquari, comprado por R$ 72 mil, em 48 parcelas. Anos depois, a área estava avaliada em R$ 280 mil. “Nunca comprei nenhum desses imóveis enquanto era deputado. Tenho culpa se toda a cidade se valorizou? Como delegado de polícia digo mais: o problema não está no que a pessoa declara, mas naquilo que é omitido da declaração”, diz.

       José Antônio Reguffe (PDT) compartilha da opinião de Alírio. Em 2006, a declaração do pedetista à Justiça Eleitoral registrava um patrimônio de R$ 775 mil. Em 2010, ele informou ser dono de R$ 1,8 milhão — o acréscimo, neste caso, é de 140%. O distrital enviou ao Correio, no entanto, comprovante de seu Imposto de Renda indicando que, quando ingressou no mandato, já tinha R$ 1.055 milhão. O que conquistou durante os últimos três anos foi resultado de investimento na Bolsa de Valores e na poupança. “Tudo foi ganho honestamente, está declarado no Imposto de Renda e publicado no Diário da Câmara. A população não deve se preocupar com o honesto que declara tudo no Imposto de Renda. Deve se preocupar com o corrupto que não declara”.

Campeão

     O campeão de evolução patrimonial em termos percentuais, o petista Cabo Patrício, admite que a condição de deputado o ajudou a melhorar de vida. “Naquela época, tinha apenas um Pálio velho, que tenho até hoje. Mas, depois de três anos e seis meses com um bom salário, é possível aumentar o patrimônio, sim. O que declarei não pode nem ser considerado um valor alto”, defende. Ele não tem imóveis e vive com a mãe. Como foi policial militar durante mais de 10 anos antes de ser expulso da corporação, as filhas têm direito à pensão e o deputado não precisa custear as despesas da família. No período de seu mandato, ele afirma ter comprado uma pick up Fiat Strada e a carta de crédito de um imóvel na Caixa Econômica Federal. “Já investi mais de R$ 70 mil nas prestações, mas, infelizmente, ainda não fui contemplado”, lamenta.

    O deputado Raimundo Ribeiro (PSDB) está entre os quatro que mais faturaram nestes quatro anos. Seus bens declarados subiram de R$ 123.820,00 para R$ 601.088,05, um aumento de 385%. A razão, segundo ele, é a especulação imobiliária. “O bem que tenho, uma casa na região do Grande Colorado, é o mesmo. Só que a valorização na área aumentou muito neste período, especialmente em razão da regularização das terras”, explica. Ele ressalta que, para exercer o cargo, abriu mão do salário que recebia, como advogado da União, mais rentável do que o atual.

   Outro que integra o ranking da evolução patrimonial é o deputado Dr. Charles. Seu patrimônio, em 2006, estava calculado em R$ 145.591,00. Agora, chega a R$ 419.495,66, significando aumento de 188,13%. Segundo a assessoria do deputado, antes de se eleger, ele possuía uma chácara, um sítio, um lote em uma colônia agrícola e cotas em uma choperia. Após assumir o cargo, parcelou dois veículos: um Fiat Gol e um Fiat Punto. Neste período, Dr. Charles também adquiriu o hábito de fazer uma poupança pessoal. O Correio tentou ouvir os distritais Paulo Roriz e Eliana Pedrosa, mas não conseguiu contactar os deputados.

    Os advogados do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) vão fazer uma correção na declaração de patrimônio do candidato ao GDF entregue ao Tribunal Regional Eleitoral. Isso porque eles deixaram de fora do valor total do patrimônio os bois de propriedade do ex-governador. Daí, o valor de R$ 1,1 milhão, bem abaixo do declarado por Roriz em 2006.

    Na declaração de 2006, o ex-governador listou a posse de 6.227 bois, no valor de R$ 2,8 milhões (veja aqui). Agora, os bois retornam à declaração de bens: são 6.717 cabeças de gado, avaliadas em R$ 4 milhões. Com isso, o valor total do patrimônio do candidato passa a ser de R$ 5,1 milhões.

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