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quinta-feira, novembro 26, 2009

BATE PAPO COM O SENADOR CRISTOVAM BUARQUE










O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) irá falar de questões ligadas à educação no país e de sua mais recente obra, O que é Educacionismo, publicada pela Editora Brasiliense. Em entrevista especial para o jornal Brasília Agora, Cristovam Buarque fala do tema do seu livro, que reflete a história da educação, e do que precisa ser feito para o Brasil poder oferecer uma educação de qualidade.











Essa entrevista fiz para o Jornal Brasília Agora



Brasília Agora – Senador, o senhor está sempre se mobilizando pela educação e já fala até em fazer uma revolução?
Cristovam Buarque – Defendo uma educação de qualidade para todos. Acho que a sociedade deve ter acesso a uma escola de igualdade, onde não exista essa divisão entre pobres e ricos. Todos devem ter o mesmo acesso ao conhecimento, sem discriminação, e com o intuito de que todas as crianças tenham a mesma chance.

O senhor acha que existem crianças discriminadas?
Acho. Elas são discriminadas pela vida que vive, só porque nasceram em uma pequena cidade, porque os pais são pobres e vivem em uma área de periferia excluída da sociedade. Elas devem ter a chance de estudar em escolas que são iguais às melhores do país. Todas as escolas devem ter o mesmo padrão.


Quando o senhor fala em oportunidade de estudo, vem também o incentivo, com ele a questão dos professores. O senhor acha que eles estão empolgados em estarem em uma sala de aula?
Não. O salário dos professores é um dos menores no meio profissional, em relação a outras carreiras do funcionalismo federal, afastando os melhores professores das salas de aula, ficando o ensino a desejar. A desigualdade dos salários de cada estado é enorme e não há correlação entre maiores salários, e com isso há perda de incentivo e qualidade na educação.

Os professores devem se qualificar?
Não só os professores, mas os jornalistas, os advogados, os médicos e várias outras profissões. É claro que eles estão à frente de qualquer profissão, ao darem o início à vida do cidadão na sociedade. Por isso hoje se cobra sua formação em universidades e cursos com a mesma qualidade.

Os salários seriam o caminho para essa injeção de ânimo nos professores?
Professores e professoras bem remunerados e meios de trabalho e ambiente adequados fazem, sim, a diferença. Mas para isso precisamos fazer uma revolução educacional no país.

E o que é preciso para revolucionar a educação?
Livros, currículo, computadores, tudo para ter um bom padrão de ensino, um plano nacional de educação de qualidade. As escolas precisam melhorar suas estruturas, elas estão muito depredadas. Precisam de materiais e recursos pedagógicos modernos e adequados. Deve haver também a participação dos pais junto aos seus filhos, o acompanhamento escolar.



Existe uma discussão de se colocar o estudo da Bíblia como matéria obrigatória na grade curricular. O senhor concorda?
Sim. Acho de extrema importância, não só a Bíblia, mas diversas outras literaturas ligadas à vida espiritual. É na escola que aprendemos os valores éticos e morais. Não defendo uma bandeira religiosa, mas concordo em ensinamentos bíblicos. Afinal de contas, a queda do Império Romano, em 476, deu início à Idade Média, período marcado pela influência e poder da Igreja Católica sobre a vida civil. Do século V ao século XV, a Igreja deteve um poder incomensurável. Grande proprietária de terras e riquezas, monopolizou a cultura e a educação. A unidade do pensamento cristão ocidental foi quebrada por Martinho Lutero, que questionou a Igreja. Então não podemos descartar essa hipótese.

E as eleições para 2010?
Ainda não estou pensando.

Mas o senhor cogita sair candidato a governador do Distrito Federal?
Não. Não é minha pretensão. Dependerá muito do processo, eu não descarto a possibilidade, mas aí dependerá de negociações políticas, propostas. Ainda e uma questão a discutir.